quinta-feira, 9 de junho de 2011

Hello Goodbye

Engraçado. Sempre achei que aqui na Alemanha eu teria tempo de sobra. Afinal o curso termina, todo dia, pontualmente às 16h30. Mas é impressionante como eu tenho a capacidade de inventar compromissos e atividades sociais. No fim, mal acabei escrevendo no blog, nem comecei meus livros, minhas tão desejadas fartas horas de sono simplesmente não deram as caras e só dei duas corridinhas ao longo do lago. Mas, claro, não me queixo. 

Contribuiu muito o fato de eu ter tido a sorte de pegar uma turma muito, mas muito legal. Fazia tempo que eu não via um grupo "dar liga" tão rápido. Éramos ao todo seis alunos da mesma classe, mais um brasileiro "emprestado" da sala ao lado. Já no segundo dia parecia que nos conhecíamos há algum tempo, e a convivência só melhorou desde então. E olha que eu era a "ovelha negra" ali - o único maluco que não trabalha na mesma empresa e resolveu aprender alemão por conta. Fizemos várias coisas juntos: demos rolê, cozinhamos rango, tomamos algumas, e nas horas vagas (rs) estudamos essa língua do demo. O astral estava tão bom que fizemos amizade até com gente que conhecemos no trem. Apesar das origens, idades e personalidades diferentes, são todas pessoas muito especiais, daquelas cujo contato a gente espera que o tempo e a distância não tratem de esvaziar. 

A escola também foi uma coisa de outro mundo. Você consegue sentir claramente no ar que existe algo especial ali com aquele pequeno grupo - três professoras, sendo que uma é de fato a dona da bola. Rola uma preocupação e um carinho muito verdadeiros com o aluno e com a pessoa, e o nível cultural delas vai muito além do conhecimento da língua propriamente dito. Nunca me diverti tanto numa sala de aula. E me senti muito paparicado - ganhei até presente! Mas o que realmente importa é que, tenho a impressão, devo ter aprendido o equivalente a pelo menos uns dez meses de um curso regular. Claro, o modelo "intensivão", defendido com unhas e dentes pela direção, ajuda; mas o mais legal é que eles não caem na tentação de entupir o aluno de informação prática (leia-se vocabulário e frases feitas sob medida para o ambiente corporativo) sem dar a devida atenção à base da língua (leia-se gramática). A nota triste é que esse curso aparentemente foi o último da escola; devido à crise, à dependência de um único cliente e ao declínio do interesse pelo idioma, o instituto vai fechar as portas (evitemos quaisquer alusões ao meu famigerado "Toque de Sidam", bitte). Mas tomei gosto pela coisa e espero muito que consiga dar um seguimento decente no Brasil. 

Enfim, foi melhor desfecho possível para estes três meses em que tudo, simplesmente tudo, foi sensacional.

* * *


E falando nisso… pois é, meus amigos. A farra tá acabando. Possivelmente esse seja o último post da TFM. Ou pelo menos, o último post enquanto eu estiver "em TFM". 

Confesso que pensei em escrever várias coisas nessa última etapa da tour. Pensei em fazer uma retrospectiva (tipo um "TFM Awards", hehehe!), pensei em comentar coisas práticas da vida "on the road" (ou "on the airport"), pensei em mostrar mais-fotos-ainda-não-publicadas. Talvez eu faça isso uma outra hora. Mas resolvi fazer mais fácil agora. Simplesmente botar pra fora o que eu tou pensando e sentindo.

Todo mundo me pergunta se eu estou triste com o fim da viagem ou feliz por estar finalmente voltando. Juro que não sei responder - deve ser uma mistura dos dois sentimentos. Eu acho que viajar é uma das melhores coisas da vida - e depois de ficar, pela primeira vez, fazendo isso por tanto tempo, tenho cada vez mais certeza disso. Por outro lado, sinto muita falta da Gi, da minha família e dos meus amigos, mesmo tendo sido esta minha viagem mais "conectada". Tão aqui os posts, e os comentários de lado a lado, que não me deixam mentir. 

(Aliás, às vezes me pergunto se antigamente, quando não havia skype, blog, ou sequer internet, uma viagem desse tipo não teria um charme a mais. Cartas para a redação.)

Além das pessoas queridas que me esperam no Brasil, tenho saudade de um monte de coisa. Da minha cama. De escutar os meus CDs ou assistir os meus DVDs de metal. De ver um jogo do SPFC na TV (mesmo que seja ruim de doer). De comer coxinha no Ugue's. De assistir um filme "lado B" na Paulista. Por outro lado, vou sentir falta da adrenalina de conhecer um lugar novo a cada dia. De estar com os meus sentidos aguçados o tempo inteiro. De, quem diria, escrever no blog! E, sorry pelo aparente pedantismo, de viver, mesmo que por um curtíssimo espaço de tempo, em cidades com qualidade de vida láááá em cima. De fora, chega a ser inexplicável como se consegue viver em um lugar bizarro (pra dizer o mínimo) como São Paulo. Mas isso é assunto para outro post. Ou não. 

Fato é que foi tudo demais de bom. Há três meses eu não sabia direito no que eu estava me metendo. Confesso que na véspera (só na véspera) de sair me bateu um frio na barriga e, talvez, um receio de me arrepender - ou simplesmente me encher o saco - no meio do caminho. Claro que é uma viagem de lazer, e algo que eu tanto quis e programei, mas mesmo assim muita coisa podia dar errado. Mas não. Fora os desastres internacionais que se prenunciaram (rsrs), todo o resto também deu muito certo. Não fiquei doente. Nenhum vôo foi cancelado ou atrasado. Não fui assaltado. Não perdi nada pelo caminho a não ser um par de meias - o que é uma proeza em se tratando deste que vos escreve. E, believe it or not, praticamente não choveu! :o

Agora, mais importante que a vida boa, no fim das contas também acho que a viagem serviu ao digno propósito original, que era me "reapresentar" a mim mesmo. Se eu encontrei respostas para os meus dilemas interiores? Hmmm, talvez sim, talvez não. Ainda não sei, e acho que também preciso retomar contato com a realidade e colocar tudo em perspectiva para saber. E isso leva mais um tempinho. Mas quero crer que, hoje, me conheço um pouco melhor e que vou ter mais confiança para, independentemente de quando (ou se) precisar, tomar decisões mais radicais na minha vida. 

Pra arrematar: muita gente me diz que gostaria de fazer a mesma coisa. Só posso responder:  o que você está esperando pra começar a correr atrás? :)

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