sexta-feira, 13 de maio de 2011

Fire and Ice

Uma coisa que tinha me deixado chateado foi não ter conseguido visitar os glaciares na Nova Zelândia; meu roteiro ali teve que ser todo modificado por causa do terremoto em Christchurch. Mas vê só como são as coisas: não deu dois meses e estou em um país em que glaciar é o que não falta. Somados, cobrem mais de 10% da superfície da Islândia!

Então, lógico, tinha que ser minha prioridade - até pra fazer valer o nome do país, certo? Pra começo de conversa, meu destino era, como tudo aqui, impronunciável: um tal de Sólheimajökull. A primeira coisa que você faz é amarrar uma armação metálica, com cravos específicos para caminhar sobre o glaciar, na sola do sapato (não sei qual é o nome daquilo). Depois de uns vinte passos com desenvoltura zero, no melhor estilo "Transformer-segurando-a-vontade-de-ir-ao-banheiro" - claro, baita medo de tomar um capote e rolar geleira abaixo -, a coisa fica natural e você até esquece que tá usando o treco. 


O cara que me orientou na aventura é um belo exemplo da recente crise financeira que se instalou na ilha. Ele é arquiteto - formado simplesmente na Bauhaus (!) - e ficou sem emprego, como uma boa parcela dos islandeses. Ao invés de sair do país, como muitos fizeram - diminuindo ainda mais a já exígua população -, apelou para o hobby. Se ele ganha bem não sei, mas pelo menos se diverte! O cidadão parece conhecer bastante do riscado, pois me explicou, visivelmente empolgado, zilhões de detalhes sobre o glaciar: como se forma, como se desenvolve, o que significam as fendas, porque há cores diferentes aqui e ali, quanto já regrediu - um mundo de informações que eu nunca imaginara. 

Uma coisa muito louca é que a maioria dos glaciares da Islândia estão assentados sobre vulcões. Este aqui não era exceção, e imagine a minha "alegria" ao saber que o tal do Katla pode entrar em erupção a qualquer momento. A última vez foi há 90 anos, mas a sua freqüência histórica é entre 40 e 80 - ou seja, já tá atrasado! Além disso, a erupção do "Eyja" (só pra simplificar), que rolou no ano passado, tem grandes chances de provocar este, pois estão muito próximos entre si. Desconfiado, fui olhar na Wikipedia e olha o que achei: "In the past 1,000 years, all three known eruptions of Eyjafjallajökull triggered subsequent Katla eruptions (…) within months". É isso aí; não quer emoção, fica em casa, certo?

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