quinta-feira, 7 de abril de 2011

Heaven & Hell

Sabe aqueles dias durante a viagem em que tudo dá certo? 

Foi ontem à noite. Botei na cabeça que queria comer um sushi, afinal já estava farto de ramens, katsus (ops) e quetais. Saimos meio que ao léu pelo bairro de Asakusa, onde me parecia que teríamos algumas opções. O problema é que nós brasileiros estamos acostumados a jantar tarde, e isso pode ser um problema em muitos lugares - inclusive aqui em Tokyo. Chegamos ali perto das 23h (OK, isso é tarde pra jantar até no Brasil) e havia pouca coisa aberta. Quando estávamos praticamente desistindo da empreitada (leia-se topando encarar qualquer hambúrguer), eis que escuto no meio da noite: "Roberto-san!!" Uau, tô famoso ate aqui, rareará! Era a Miwa, moça que trabalha no hostel em que fiquei. Que salvação!! "Miwa, conhece algum sushi bom por aqui?" perguntamos, ao que ela, atenciosamente como sempre, respondeu: "Roberto-san, tem um ótimo que já fechou, mas um outro fica aberto 24 horas. Só que nesse o sushi é mais ou menos". Hmmm… tudo bem, pelo menos o jantar estava garantido!

Confesso que tinha o receio de me decepcionar tanto quanto aqueles que já comeram pizza na Itália (eu nunca estive lá) e acharam as de Sampa melhores. Ledo engano! Se esse era o "não tão bom", imagino como seria o tal outro. Pedimos dois combinados, um de sushi - cuja "estrela" era um pescado na sua frente, direto dum tanque - e outro de sashimi, e estavam ambos absolutamente sensacionais! Acho que dá pra ver minha cara de felicidade. Devo até ter sonhado com o jantar mais tarde…


E sabe aqueles dias durante a viagem em que tudo dá errado?

Foi hoje à noite. Botamos na cabeça que queríamos ir em um izakaya (típico "bar" japonês onde se servem bebidas e algumas porções). Saímos meio que ao léu pelo bairro de Shibuya, onde me parecia que teríamos algumas opções. Já tínhamos aprendido a lição da noite anterior, mas dessa vez tratava-se de um boteco, certo? Ledo engano. O lugar que tentamos entrar - com recomendação de ser um dos melhores izakayas de Tokyo - fechava dali a pouco, às 23:30. Que coisa mais sem graça! Desistimos da empreitada e resolvemos, agora sim, encarar qualquer hambúrguer. Dessa vez não escutamos nenhuma voz salvadora no meio da noite. Ao contrário, quando estávamos no meio do percurso do metrô, tentando voltar para o hotel, eis que ele pára em uma estação, toca um sinal, todo mundo abandona o trem e passa um policial retirando os desavisados. "No more train", ele disse; havia-se encerrado o expediente dos vagões e locomotivas.

Mais de uma hora da manhã, e dá-lhe recorrer ao derradeiro expediente: táxi. Após uma filinha básica (composta pelos co-irmãos órfãos do metrô), entramos num deles (as portas abrem e fecham sozinhas, que loucura!), entreguei o mapa nas mãos do motorista - e de Deus, ou Buda, seja lá quem for. Durante o trajeto, o cidadão tasca inúmeras olhadelas no mapa e no GPS, com uma baita cara de perdido. Só sei que, passada meia hora e algumas voltas em círculos, o queridão simplesmente parou o carro, me apontou o mapa e desandou a falar japonês - como se nós entendêssemos. Mas, pensando bem, tínhamos entendido: ele sabia que o hotel ficava "por ali" mas não exatamente onde! Pedi desconto no preço (prontamente concedido) e andamos os últimos duzentos metros dessa jornada de regresso que parecia infindável.

A propósito, mais uma curiosidade sobre Tokyo. Como deu pra perceber, até quem conhece a cidade se perde facilmente. Por mais estranho que pareça, muitas ruas não tem nome, e os endereços são todos baseados no número do quarteirão (!!). Ou seja, você tem que saber em que bairro fica o endereço e, de quebra, ter um mapa com os números dos quarteirões da região. É mole?

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