Ao descer do trem, uma moça com inglês perfeito (milagre dos céus!) me esperava para me levar até Listvyanka, um vilarejo de 5km de extensão espremido entre o lago Baikal, de um lado, e uma fileira de montanhas, de outro, e adornado por várias casinhas de madeira. No caminho, conversando com a Olga (por que toda russa se chama Olga?), ela me disse que, em seis anos trabalhando com turismo na região, eu sou só o terceiro brasileiro que aparece. Ato contínuo, descobri também que perdi uma grana: muitos russos adoram colecionar moedas raras, e aqui as do Brasil, obviamente, são caríssimas - mas, claro, não havia nenhuma comigo pra contar história.
Estou hospedado numa das tais casinhas de madeira. Na verdade, trata-se de um chalé que uma senhora construiu no quintal da sua propriedade, justamente para receber turistas. Ele é bem bonitinho e razoavelmente equipado por dentro, porém por fora lembra a mansão Bates - a rua sem qualquer iluminação (é preciso usar lanterna) e o estilo, digamos, despojado da senhora que aqui vive só favorecem a comparação. À noite, precisei diminuir a calefação porque acho que a dona Tatjana (por que toda russa se chama Tatjana?) se confundiu com a temperatura do "banya" - a sauna russa. A menos que ela tivesse querendo me cozinhar e servir com batatas.
Aqui escurece bem tarde, em torno de dez da noite, então deu tempo de tirar algumas (várias) fotos do Baikal no final da tarde - o sol refletido na superfície quebradiça do lago estava maravilhoso. Aprendi em outras viagens que esse tipo de oportunidade a gente não pode perder, pois nunca se sabe como vai estar o tempo no dia seguinte.
Realmente a profecia se concretizou e hoje o dia amanheceu com mais nuvens - mas nada de chuva, que é o que importa. Preencher o tempo neste lugar que parou no tempo é um desafio, mas consegui achar um museu a céu aberto com casas antigas que foram transportadas de diversas partes da Sibéria. Em muitas delas você pode inclusive entrar, e estão decoradas com móveis e objetos de época. O mais interessante é que esse lugar fica a uns 20km de Listvyanka, e o microônibus que eu peguei na ida e na volta foi a experiência mais próxima do cotidiano local (ou seja, descoberto de qualquer véu turístico) que eu consegui ter até agora. Eu estava sentado em um banco próximo ao motorista e que ficava meio de lado, então eu tinha ter uma visão privilegiada do resto do ônibus. A coisa que eu mais queria era ter tirado uma foto daquele monte de gente com a cara mais "russa" do mundo (um dia acho que vou conseguir explicar o que é isso…), mas infelizmente não rolou. No mais, comi o tal do "omul", um peixe que, dizem, só tem aqui. Verdade ou não, fato é que o peixe é bom demais!
Amanhã volto a Irkutsk para continuar a minha viagem de maluco, desta vez até a civilização (assim espero) moscovita. Keep the good vibes coming! :)
Vai ver a senhorinha achou que vc se sentiria melhor com uma temperatura mais tropical, do tipo Rio 40 graus...
ResponderExcluir