quinta-feira, 28 de abril de 2011

Balalaikal

Ao descer do trem, uma moça com inglês perfeito (milagre dos céus!) me esperava para me levar até Listvyanka, um vilarejo de 5km de extensão espremido entre o lago Baikal, de um lado, e uma fileira de montanhas, de outro, e adornado por várias casinhas de madeira. No caminho, conversando com a Olga (por que toda russa se chama Olga?), ela me disse que, em seis anos trabalhando com turismo na região, eu sou só o terceiro brasileiro que aparece. Ato contínuo, descobri também que perdi uma grana: muitos russos adoram colecionar moedas raras, e aqui as do Brasil, obviamente, são caríssimas - mas, claro, não havia nenhuma comigo pra contar história. 

Estou hospedado numa das tais casinhas de madeira. Na verdade, trata-se de um chalé que uma senhora construiu no quintal da sua propriedade, justamente para receber turistas. Ele é bem bonitinho e razoavelmente equipado por dentro, porém por fora lembra a mansão Bates - a rua sem qualquer iluminação (é preciso usar lanterna) e o estilo, digamos, despojado da senhora que aqui vive só favorecem a comparação. À noite, precisei diminuir a calefação porque acho que a dona Tatjana (por que toda russa se chama Tatjana?) se confundiu com a temperatura do "banya" - a sauna russa. A menos que ela tivesse querendo me cozinhar e servir com batatas.

Aqui escurece bem tarde, em torno de dez da noite, então deu tempo de tirar algumas (várias) fotos do Baikal no final da tarde - o sol refletido na superfície quebradiça do lago estava maravilhoso. Aprendi em outras viagens que esse tipo de oportunidade a gente não pode perder, pois nunca se sabe como vai estar o tempo no dia seguinte. 


Realmente a profecia se concretizou e hoje o dia amanheceu com mais nuvens - mas nada de chuva, que é o que importa. Preencher o tempo neste lugar que parou no tempo é um desafio, mas consegui achar um museu a céu aberto com casas antigas que foram transportadas de diversas partes da Sibéria. Em muitas delas você pode inclusive entrar, e estão decoradas com móveis e objetos de época. O mais interessante é que esse lugar fica a uns 20km de Listvyanka, e o microônibus que eu peguei na ida e na volta foi a experiência mais próxima do cotidiano local (ou seja, descoberto de qualquer véu turístico) que eu consegui ter até agora. Eu estava sentado em um banco próximo ao motorista e que ficava meio de lado, então eu tinha ter uma visão privilegiada do resto do ônibus. A coisa que eu mais queria era ter tirado uma foto daquele monte de gente com a cara mais "russa" do mundo (um dia acho que vou conseguir explicar o que é isso…), mas infelizmente não rolou. No mais, comi o tal do "omul", um peixe que, dizem, só tem aqui. Verdade ou não, fato é que o peixe é bom demais!

Amanhã volto a Irkutsk para continuar a minha viagem de maluco, desta vez até a civilização (assim espero) moscovita. Keep the good vibes coming! :)

Um comentário:

  1. Vai ver a senhorinha achou que vc se sentiria melhor com uma temperatura mais tropical, do tipo Rio 40 graus...

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