Aproveitando o ensejo, vamos mais uma vez mencionar alguns fatos curiosos (e outros nem tanto) amealhados ao longo das últimas semanas sobre a civilização recentemente visitada.
- Como era de se esperar, havia pouquíssimos estrangeiros (que eu os tivesse reconhecido como tais) visitando o Japão. Ao mesmo tempo, deu pra conferir in loco que a vida segue normal nos lugares em que estivemos. Sem terremoto, sem radiação, sem tsunami, sem racionamento de comida, sem falta de água, sem apagão. A rigor, a única coisa triste que percebemos foi que alguns dos letreiros luminosos de Shibuya, Shinjuku e outros bairros movimentados foram desligados voluntariamente para minimizar o impacto sobre o fornecimento de energia. Em suma, confirmando a profecia do mestre ABF, de fato resultou sábia a decisão que eu e a Gi tomamos!
- O japonês tem esse plobrema de trocar os Ls com os Rs, e isso gera algumas situações engraçadas - por exemplo, cartazes anunciando novos produtos como "new allival", CDs do "Nilvana" e coisas desse nível. E no geral eles tem dificuldade com o inglês (a propaganda de restaurante abaixo é hilária; não entendi até que horas posso fazer o "last oder" nesse restaurante). Eles escutam melhor do que falam e lêem melhor do que escutam, e tudo isso beeem mais ou menos, mesmo em locais turísticos. Mas a maior parte das informações importantes pra um viajante estão escritas em inglês, e em muitos casos se usa o alfabeto romano como alternativa ao kanji, de modo que não passamos por grandes apuros (talvez um pouco em Okinawa - ali a coisa é triste nesse sentido).
- Eles comem em tempo recorde (uma média de 5 a 10 minutos - parecia que eu e a Gi sempre estávamos demorando uma eternidade pra terminar os pratos); trabalham muito (às 10 da noite os trens ainda estão abarrotados de executivos indo pra casa - e todos de gravata e terno escuros); são extremamente organizados (ninguém atravessa a rua fora da faixa, e só o fazem no sinal verde de pedestre, mesmo que seja quatro da manhã e não haja nem sombra de qualquer veículo em um raio de 1km); obsessivos por higiene (os banheiros públicos que vc encontra, seja na rua ou no restaurante mais suspeito, são sempre tão limpos quanto os da sua casa); e silenciosos (no metrô poder-se-ia ouvir as moscas voando, caso houvesse).
- Usa-se muito bicicleta, e elas têm alguns privilégios, o que torna a vida do pedestre um pouco emocionante. Mas uma coisa engraçada é que, mesmo em lugares absurdamente cheios, onde todo mundo corre pra todo o lado pra não perder o trem, ninguém se tromba! Eles desenvolveram alguma habilidade sobre-humana, talvez uma espécie de sonar vinculado a um escudo magnético invisível, que impede qualquer contato físico entre dois japoneses!
- Um CD é muito caro, e como eles não fazem downloads ilegais, é muito comum encontrar lojas de aluguel de CDs (!). E o mais bizarro, lá se vende discman ainda! Essa eu não entendi mesmo.
- O meu vocabulário de nihongo (japonês) aumentou exponencialmente nesse período. Já estou falando três palavras: arigatou, sayonara e uma outra que esqueci. :) E aprendi que, se quiser fazer uma pergunta, é só colocar "desuka" (fala-se "deská") no final da frase. Acho que é uma espécie de palavra mágica ou ou tradutor universal, pois eu colocava no final de qualquer frase - mesmo em português - e acho que o povo entendia tudinho, pois desandavam a falar! Rarará! Na próxima viagem, preciso achar a palavrinha-chave equivalente pra tradução reversa!
- E a melhor constatação de todas: me senti, pela primeira vez na vida, uma pessoa alta. :)
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