Às vezes as melhores lembranças de uma viagem são os lugares que você decide conhecer em cima da hora, os passeios não planejados, os descaminhos que você resolve tomar - em suma, tudo aquilo que sai um pouco do script original. E olha que o que não falta nessa minha viagem é planejamento.
Hiroshima já foi uma adição tardia ao nosso roteiro - acabamos preferindo dar uma passada rápida pela cidade ao invés de ficar um dia a mais em Okinawa ou Kyoto. Afinal, não é todo dia que se tem o "privilégio" (aspas obrigatórias) de visitar uma cidade com o histórico (lamentável) desta. E, de ultimíssima hora, resolvemos mudar os planos mais um pouquinho. Explico: já havia ouvido falar (e bem) da ilha Miyajima, que fica na região e é um dos cartões postais do pais, principalmente por causa do torii (portão sagrado) construído no mar - e que parece flutuar sobre as águas. Porém achava que seria impossível conciliá-la no mesmo dia com o resto da visita - no que fui entusiasmadamente desmentido pela recepcionista do hostel. Então, pronto: na parte da manhã, fomos para lá. Não pudemos pegar a maré alta - quando o torii fica ainda mais bonito -, mas valeu muito a pena, pois a ilha, cheia de templos e pagodes (não aquele tipo de pagode!) é maravilhosa.
Perto do meio-dia voltamos a Hiroshima e, claro, nosso interesse era a história relacionada à bomba atômica. Lá, pode-se visitar o Parque Memorial (uma homenagem aos mortos na época), a estrutura que restou do domo da prefeitura (que ainda permanece como lembrança dos horrores da guerra) e o museu pela Paz (que conta tintim por tintim tudo o que antecedeu e sucedeu o triste ocorrido de 1945). É tudo dolorido, pesado e emocionante - mas fundamental pra se entender melhor o ser humano. O museu respondeu várias das minhas perguntas, como por exemplo por que Hiroshima foi escolhida como alvo. É chocante ler a troca de memorandos (para os mais novos, trata-se do bisavô do email) entre a cúpula americana sobre os critérios para definir as cidades que seriam bombardeadas. Fria, pragmática e objetiva, a comunicação foi mais ou menos como decidir onde instalar uma nova fábrica.
O mais bizarro do dia foi, justo em frente ao domo destruído, ter escutado o discursinho chulé de um passante que queria me convencer de que a miscgenação entre as raças é uma coisa nociva. Com a maior petulância, olhava para mim e para Gi com rancor, como se eu fosse um americano que estivesse me aproveitando de uma conterrânea dele! Só rindo mesmo... Juntando tudo, o que ele realmente quis dizer é que, alem de "tacarmos" (quem, cara-pálida?) bombas no país dele, ainda "roubamos" a mulherada. Não saiu barato, pois, falou o que não devia, escutou o que não queria. E perdeu o prumo quando soube que nós dois éramos brasileiros.
É cada um que me aparece!
Quem sou eu pra contestar a sapiência desse sujeito no assunto miscigenação... mas minha parca experiência pessoal me diz que a mistura brasuca+japa dá certo que é uma beleza! Dedé e Lili, produtos do nosso ato nocivo, que o digam! Então, não deem bola pro sujeito e continuem disseminando a nocividade pelo mundo ;-)
ResponderExcluirNem fala... Eu respeito ate a opiniao de quem pensa assim, so nao tolero o cara vir me dizer isso, resvalando na ofensa pessoal. Bjs pra todos ai!
ResponderExcluirum xarope, e dos grandes...
ResponderExcluir