quarta-feira, 13 de abril de 2011

Hiroshima Mon Amour

Às vezes as melhores lembranças de uma viagem são os lugares que você decide conhecer em cima da hora, os passeios não planejados, os descaminhos que você resolve tomar - em suma, tudo aquilo que sai um pouco do script original. E olha que o que não falta nessa minha viagem é planejamento.

Hiroshima já foi uma adição tardia ao nosso roteiro - acabamos preferindo dar uma passada rápida pela cidade ao invés de ficar um dia a mais em Okinawa ou Kyoto. Afinal, não é todo dia que se tem o "privilégio" (aspas obrigatórias) de visitar uma cidade com o histórico (lamentável) desta. E, de ultimíssima hora, resolvemos mudar os planos mais um pouquinho. Explico: já havia ouvido falar (e bem) da ilha Miyajima, que fica na região e é um dos cartões postais do pais, principalmente por causa do torii (portão sagrado) construído no mar - e que parece flutuar sobre as águas. Porém achava que seria impossível conciliá-la no mesmo dia com o resto da visita - no que fui entusiasmadamente desmentido pela recepcionista do hostel. Então, pronto: na parte da manhã, fomos para lá. Não pudemos pegar a maré alta - quando o torii fica ainda mais bonito -, mas valeu muito a pena, pois a ilha, cheia de templos e pagodes (não aquele tipo de pagode!) é maravilhosa.


Perto do meio-dia voltamos a Hiroshima e, claro, nosso interesse era a história relacionada à bomba atômica. Lá, pode-se visitar o Parque Memorial (uma homenagem aos mortos na época), a estrutura que restou do domo da prefeitura (que ainda permanece como lembrança dos horrores da guerra) e o museu pela Paz (que conta tintim por tintim tudo o que antecedeu e sucedeu o triste ocorrido de 1945). É tudo dolorido, pesado e emocionante - mas fundamental pra se entender melhor o ser humano. O museu respondeu várias das minhas perguntas, como por exemplo por que Hiroshima foi escolhida como alvo. É chocante ler a troca de memorandos (para os mais novos, trata-se do bisavô do email) entre a cúpula americana sobre os critérios para definir as cidades que seriam bombardeadas. Fria, pragmática e objetiva, a comunicação foi mais ou menos como decidir onde instalar uma nova fábrica.

O mais bizarro do dia foi, justo em frente ao domo destruído, ter escutado o discursinho chulé de um passante que queria me convencer de que a miscgenação entre as raças é uma coisa nociva. Com a maior petulância, olhava para mim e para Gi com rancor, como se eu fosse um americano que estivesse me aproveitando de uma conterrânea dele! Só rindo mesmo... Juntando tudo, o que ele realmente quis dizer é que, alem de "tacarmos" (quem, cara-pálida?) bombas no país dele, ainda "roubamos" a mulherada. Não saiu barato, pois, falou o que não devia, escutou o que não queria. E perdeu o prumo quando soube que nós dois éramos brasileiros.

É cada um que me aparece!

3 comentários:

  1. Quem sou eu pra contestar a sapiência desse sujeito no assunto miscigenação... mas minha parca experiência pessoal me diz que a mistura brasuca+japa dá certo que é uma beleza! Dedé e Lili, produtos do nosso ato nocivo, que o digam! Então, não deem bola pro sujeito e continuem disseminando a nocividade pelo mundo ;-)

    ResponderExcluir
  2. Nem fala... Eu respeito ate a opiniao de quem pensa assim, so nao tolero o cara vir me dizer isso, resvalando na ofensa pessoal. Bjs pra todos ai!

    ResponderExcluir