O avião pousa em Vladivostok. Juro que achava que esse dia não ia chegar. Pra mim (assim como pra nove entre dez caras da minha geração), Vladivostok era apenas uma cidade estratégica do famoso jogo de tabuleiro "War" - quase fictícia, portanto. A paisagem combinava bem com o clima de filme de espionagem: o dia estava nublado, chuvoso e cinzento até dizer chega. A segunda vitória do dia foi ter passado pela alfândega. Como previa, encrecaram com o fato de eu não ter um visto (nosso pais é um dos poucos que mantém acordo de isenção recíproca de vistos com a Rússia), o que significa que pouquíssimos brasileiros devem vir pra esse pedaço do mundo. Mas beleza, depois de um ou dois telefonemas para alguém mais patenteado, me liberaram.
O aeroporto é a coisa mais tosca e minúscula que eu já vi na vida. Até o de Fernando de Noronha é maior. "Decido" pegar um táxi ao ver que é a única opção que me resta. O trem que levaria à cidade ainda não ficou pronto, e o último ônibus saíra às cinco - e já eram oito horas de uma noite ainda clara. De modo que tive que desembolsar os olhos da cara ao motorista, desfazendo-me dos poucos rublos que havia. No fim, acabei pagando feliz da vida: o aeroporto fica a uma eternidade do centro. São 42 quilômetros que, graças ao transito caótico, à estrada horrorosa (cheia de buracos, me fez lembrar aquela que vai do Rio a Visconde de Mauá), às obras em praticamente todo o percurso (o horário faziam-nas parecer abandonadas) e ao dilúvio que caía (que tornou a viagem praticamente um rali na lama), foram cumpridos em duas sofridas horas - escutando dance music cantada em russo (!) ao lado de um cara gente boa, mas que não falava uma palavra de inglês e, novidade, não conseguia encontrar o hostel. Aliás, quando fui pesquisar na internet, só encontrei dois: este em que estou, e um outro curiosamente no mesmo endereço - tratava-se do mesmo, porém com o nome antigo! Ou seja, é o único na cidade…
Uma série de prédios decadentes do período soviético (todos igualzinhos) e construções inacabadas acompanharam-nos ao longo do caminho - mais melancólico, impossível! Com certeza, nenhuma outra cidade justificou mais do que Vladivostok o título deste blog até o momento. Enfim, tenho aqui dois dias (debaixo de chuva e talvez neve - estamos circundando o zero grau, ou seja, um batia calor, hehehe!) até começar minha jornada pelo Trans-Siberiano. Vamo que vamo…
PS - Hoje o post vai sem foto mesmo - não consegui tirar nenhuma ainda...
Acho que já vi esse filme.
ResponderExcluirBOA PÁSCOA!!!
Hahaha! Lembro de vc e suas historias com o Anatoli (era esse o nome?) todos os dias!! Valeu, boa pascoa tb.
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